Paris é o monumento dos monumentos

Paris é o monumento dos monumentos

betty milan
Folha de S. Paulo, Colunas e Blogs, 12 de junho 2024

 

O Beaubourg, Centro Georges Pompidou – Steve Cadman (CC BY-SA 2.0)

 

A história recente do incêndio de Notre-Dame mostra o quão responsável pelo patrimônio  o chefe de estado é na França, o quão valorizado  o bem público. No século XVI, o rei François I  reconstruiu o  castelo de Fontainebleau para receber os embaixadores europeus. Mandou  renovar o palácio medieval e convidou artistas italianos para fazer a decoração.  Sobre o que Luis XIV fez, no século XVIII, pelo patrimônio histórico francês não é preciso discorrer. Versalhes é Versalhes. Na trilha dos reis, o presidente Georges Pompidou construiu, no centro de Paris, o museu Beaubourg, uma instituição de arte moderna absolutamente original, concebida pela equipe de Renzo Piano. O legado de François Mitterand é nada mais nada menos do que  a   pirâmide de vidro e metal do Louvre, cuja autoria é de um arquiteto chinês dos Estados Unidos.

O êxito da restauração em curso de Notre-Dame  se deve à tradição francesa, mas também à prontidão de Macron, dos seus assessores e do povo francês. Noutras palavras, a uma relação com o Tempo, que tanto privilegia o passado quanto o futuro, preservando e inovando o patrimônio.

Não é à toa que o primeiro grande acordo sobre o clima foi assinado em Paris (2015). Visa limitar o aumento da temperatura média e conter o aumento a 1,5ºC. Trata-se de um dos tratados internacionais mais importantes na pauta das mudanças climáticas. Quando proposto, o documento foi adotado por 196 países-membros e passou a vigorar em novembro de 2016. Os franceses sabem se valer de um desastre para engrandecer o país e oferecer  ao mundo o que há de melhor.