trecho
travessia nova, a escrita escuta à cata da palavra, sua própria, onde o antigo drama se esvaía, adeus à clausura do apego, a ele e à Outra, no torno do que mais precisava, saber de si o desejo qual era
pulsando através da memória, enquanto o amanhã se urdia no saber do que queria, o nome próprio e a palavra que o sustinha
o desejo que agora se escrevia, exigindo-lhe o gozo contido do corpo na letra, sua memória do futuro,
o real de um furo que se repetia,
o sexo furo onde só a falha de garantia
resumo
O sexophuro é o primeiro romance de Betty Milan. Trata-se da história de um triângulo amoroso e do percurso que a esposa faz para deixar de ser objeto e se tornar sujeito da sua história. Ou seja, para deixar o casamento e se realizar através da escrita, rememorando criticamente o passado e reinventando com isso o seu futuro.
A prosa do romance é poética, feita de uma sucessão de fragmentos que se organizam em quatro capítulos: UM (O casamento), DOIS SE NÃO VÁRIOS (A infância, A adolescência…), ENTREATO (O aborto) e TRESVARIO OU MEMÓRIA DO FUTURO (A palavra).
Tanto pela forma romanesca quanto pelo tema, O sexophuro é um livro comprometido com a liberdade.
histórico
Primeiro romance da autora. Foi publicado em 1981 pela Editora Codecri, a mesma que publicava O Pasquim, no Rio de Janeiro, e lançado na Galeria São Paulo, sendo bem recebido pela crítica. O texto deu origem a um livro-cassete (o primeiro audiocassete de que se teve notícia no Brasil), gravado pela atriz Nathalia Timberg. Em 2006, passou a constituir a primeira parte de A trilogia do amor.
opinião
“Sucessão de instantes poemáticos, o livro confirma que ainda há quem escreva, quem saiba escrever, quem precise escrever.”
Otto Lara Resende, carta de 13/02/1981
“Considero O sexophuro um belíssimo texto em que a prosa é tratada com a sensibilidade e o cuidado minucioso da poesia.”
Leyla Perrone-Moisés, carta de 14/03/1981
“Li O sexophuro, apreciei muito a ficcionista, como antes já admirava a psicanalista.”
Ciro dos Anjos, carta de 23/03/1982
“Recebi O sexophuro e apreciei devidamente a originalidade do seu trabalho.”
Carlos Drummond de Andrade, carta de 12/04/1982
“Trata-se de um livro extraordinariamente bem-escrito, que prende a atenção do leitor da primeira à última linha. Afora essa qualidade, a meu ver fundamental em qualquer texto literário, penso que este apresenta um trunfo a mais, qual seja o de abordar um tema de alta atualidade, a condição feminina.”
Walnice Nogueira Galvão, carta de 1º/09/1980.
área de interesse
Literatura, Psicologia e Psicanálise, por focalizar o desejo feminino.
fortuna crítica
No livro-cassete de Betty Milan, a palavra tão silenciada da mulher
O Globo
O sexophuro, de Betty Milan: o mito da mulher liberada
Roberto Yutaka Sagawa
A passagem da mulher-objeto para mulher-sujeito
Christl M. Brink Friederici
O sexophuro: o interdito necessário
Nelly Novaes Coelho
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