A cultura francesa privilegia o droit; a inglesa o fair play e a espanhola el honor. Nós, brasileiros, privilegiamos o brincar. Aconteça o que acontecer, nós brincamos, porque para isso podemos prescindir de tudo, só precisamos da imaginação. O samba que o diga:
Com pandeiro ou sem pandeiro ê, ê, ê, ê, eu brinco Com dinheiro ou sem dinheiro… ê, ê, ê, ê, eu brinco Pedro Caetano e Claudionor Cruz, 1944
Tanto podemos abrir mão do pandeiro quanto do dinheiro por sermos capazes de improvisar o que desejamos, valendo-nos do que estiver ao alcance da mão. Os brasileiros de todas as classes são escolados na improvisação, que pode mesmo ser considerada um traço cultural.
resumo
O livro retrata o Brasil através do futebol. A autora atravessa o país da bola, indicando o que fez do football o futebol e dos nossos jogadores figuras lendárias. Mostra que há uma relação entre a cultura popular brasileira – a cultura do brincar – e o jogo inventivo de que somos capazes. Para ela, nós, brasileiros, somos treinados para a improvisação desde a infância, e o brincar é o elemento-chave da nossa cultura. Betty Milan focalizou o jogo para nos dizer quem somos, mas ainda porque o espaço do futebol é democrático e, nele, a palavra lei faz sentido.
A primeira edição do livro, em 1989, teve grande repercussão na imprensa, mas só foi distribuída como livro-brinde. Teve lançamento no salão nobre do Estádio do Pacaembú. Foi traduzido para o francês e lançado, em formato de bolso, no Salão do Livro de Paris, pela éditions de l’aube. No mesmo ano, a Record publicou uma edição de livraria revista e corrigida pela autora. Em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil, o livro foi reeditado com novo prefácio escrito pela autora. Antes de escrevê-lo, Betty Milan entrevistou Platini e ouviu dele que o Brasil é mesmo o país da bola pois “é tão importante para os torcedores do mundo inteiro irem para o Brasil quanto para os muçulmanos irem à Meca”.
opinião
BRASIL
“Um bem-sucedido mergulho na paixão do futebol e uma atraente leitura pela facilidade com que a autora – uma mulher, vejam só, dando baile em muito homem – trata o tema.” Juca Kfouri, Jornal da Tarde, 3/12/1989
“Li O país da bola, que considero texto de enorme importância para entendermos o Brasil e seu povo.” Sábato Magaldi, 12/12/1989
“Boa de catimba, em ousados jogos-de-cintura, Betty Milan dá um olé nos preconceitos que fazem alguns intelectuais (…) desprezarem o futebol.” Edilberto Coutinho, Jornal do Brasil, 23/12/1989
“Gostei muito de ter olhado e lido o livro, as imagens são belas e o texto é excelente.” Jorge Amado, carta, 4/06/1990
FRANÇA
“Lendo O país da bola, a gente entende o entusiasmo de Betty Milan pelos campeões do seu país… O brasileiro não joga, ele namora a bola.” Le Nouvel Observateur
“Um ensaio que vale sobretudo pela originalidade do seu ponto de vista… Um mergulho na origem da paixão pela bola que nos faz descobrir como foi que ela se espraiou.” France Football
PORTUGAL
“Trata-se de uma obra séria, um estudo aprofundado (…) e o texto é uma delícia.” Carlos Pinhão, A Bola, 28/04/1990