trecho
“Quem somos? A questão de Celso Furtado retoma a de Affonso Romano de Sant’Anna e a de Roberto DaMatta, inscrevendo-se numa repetição sintomática. Se a questão não cessa de se colocar, é que a identidade não cessa de escapar à nossa intelligentsia, cujo sintoma é tentar agarrá-la. O que explica essa busca infrutífera?”
resumo
Aqui reunidos, alguns dos artigos publicados por Betty Milan na imprensa brasileira entre 1979 a 2014. Foram selecionados pela própria autora e estão organizados segundo temas: “Cultura e identidade”,” Machismo”, “Mídia”, “Loucura e crime”, “Criança de rua”, “Gente”.
Em “Cultura e identidade”, trata-se do significado da cultura do brincar para nós, brasileiros. Há também uma análise comparativa entre as culturas estrangeiras e a nossa. No item “Machismo”, mostra-se a importância da figura da Outra, a rival, na mística feminina brasileira. Também são focalizados crimes em que o machismo se manifestou pelo assassinato de mulheres.
Em “Mídia”, evidencia-se o descaso da mídia escrita e televisiva pela cultura do brincar. A transmissão do desfile das escolas de samba é criticada, porque à maneira do filme pornográfico, a televisão só focaliza o corpo do folião para despertar a cobiça do espectador, fazendo do que era brincadeira uma perversão exibicionista. “Loucura e crime”, por sua vez, reúne artigos relativos à violência no Manicômio Judiciário, onde vigora a prática criminosa da prisão sem julgamento.
“Criança de rua” diz respeito aos meninos abandonados de São Paulo e do Rio de Janeiro, à sua condição de vida e às tentativas de solucionar o drama. Em “Gente”, por fim, encontram-se os principais artigos da autora sobre escritores, políticos e artistas brasileiros do seu tempo.
A coletânea revela como é variada a gama de interesses da autora e o quão atenta ela sempre esteve ao país.
histórico
Publicado em 1984 em coedição por aOutra, editora do Colégio Freudiano do Rio de Janeiro, e Kairós, de São Paulo, Isso é o país foi lançado no Auditório da Folha no contexto de um debate sobre o país do qual participaram o poeta e tradutor Claudio Willer, o professor universitário José Miguel Wisnik e o antropólogo Roberto DaMatta.
No início dos anos 2000, com o título já esgotado há alguns anos, a autora decidiu retomar o volume para uma nova edição e agregou vários artigos, mantendo a divisão temática utilizada no livro, salvo pelo item “Mídia”, que foi excluído. O tema “Gente” ganhou o nome de “Antropófagos brasileiros” e a obra teve dois acréscimos: o epílogo denominado “Manifesto tubiniquim” e um anexo, “O Brasil no imaginário dos portugueses”.
Embora fora de catálogo na versão impressa, a nova formatação do livro faz parte das Obras Selecionadas da autora.
Edições
opinião
“Invejo no texto de Betty Milan o estilo, o dinamismo e a leveza como ela tratou dos diversos temas…”
Roberto DaMatta, Folha de S. Paulo, Ilustrada, p. 20, 30/11/1984.
área de interesse
Sociologia, Direito, Antropologia, Estudos de gênero.
fortuna crítica
O que é o Brasil?
Claudio Willer
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