trecho
Ali, A — L – I, as três letras do meu nome. Me vendo ou me ouvindo, ele saberá dizer: a tudo eu prefiro te amar. Com ele, eu nunca me lembrarei do relógio. O fato de ser dia ou noite pouco me importará.O amante para com ele me transladar, ir para outro sítio, ver, imaginando, as cores todas na espuma branca do mar. Alcançaremos o Oriente extremo, ouviremos o alaúde tomando chá de menta. Com Ali, entrarei no paraíso fumando ópio, atravessarei os continentes, ousarei o mar alto e, depois, ao porto retornarei.
resumo
A paixão de Lia é uma ficção na qual o desejo feminino se expressa poeticamente. A história de Lia é a da sua fantasia, a da passagem de uma a outra situação em que ela, imaginando, realiza o que deseja.
A cada situação corresponde um voto da personagem. O primeiro é o de encontrar um amante, o ideal. O segundo é o de encontrar num bordel os simulacros do amante ideal. O terceiro é o de ser uma cortesã. O quarto, de ser lésbica e o quinto, de ser mãe. São cinco votos em cinco capítulos: “My man”, “O bordel”, “A cortesã”, “A Ilha de Lesbos” e “Ave, Maria!”.
O monólogo erótico da personagem é uma viagem em que tanto ouvimos a voz de Lia quanto as vozes femininas pelas quais ela se deixa embalar – Billie Holiday, Edith Piaf. O leitor viaja ouvindo e se transportando para os lugares com os quais Lia sonha: Paris, Buenos Aires, Nova York…
Neste texto, a heroína faz pouco da obrigação do gozo e diz que, mesmo no bordel, só o prazer deveria ser requerido. O que lhe interessa é o sexo sonhado e, por isso, Betty Milan, evocando Fernando Pessoa, diz na introdução que “nessa terra é tão preciso sonhar quanto navegar”.
A peça tem cinco atos e foi escrita para três atores: uma mulher no papel de Lia, um homem encarnando “A voz” e um menino no papel do filho.
histórico
Depois de ter publicado A paixão de Lia pela Editora Globo em 1994, Betty Milan adaptou o romance para o teatro. A peça foi lida pela atriz Giulia Gam e pelo ator e diretor José Celso Martinez Corrêa (fotos) no Auditório da Folha em 26 fevereiro de 2002, com direção do próprio José Celso.
opinião
“…Lia voa longe… toca profundamente.”
Folha de S. Paulo, fevereiro 2002
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