A associação do renascimento à morte serve para facilitara separação. O ser que renasce, no entanto, não é o mesmo… a associação não me consola. Quando você se for, não voltará mais.
Quero o seu fim, porém não o desejo. Você, como eu, está entre o querer e o desejar. “Nós, aqui, estamos esperando…” Diz isso, mas não deseja sair de cena. Ninguém se suicida sem uma contrariedade profunda. Salvo quando o suicídio é um ato inteiramente louco.
resumo
A mãe eterna tem quase cem anos. Sua decadência física impõe à filha um drama: o de se tornar cuidadora e, portanto, mãe da própria mãe, que quase não anda, não enxerga, não escuta. O sentimento de orfandade é crescente, e, para superar a dor, ela escreve para a mãe que via, ouvia e comandava a vida no passado. A mãe capaz de compreender o drama que a filha está enfrentando.
Drama atualíssimo num país cuja população envelhece rapidamente, o romance de Betty Milan aborda o tema do envelhecimento extremo em todas as suas facetas – amorosa e cruel, delicada e brutal, engraçada e trágica. Tão melhor seria se a velha morresse, verdade? É o que a própria mãe percebe e diz. Mas não é o que a filha deseja. O que ela quer é fazer a genitora nascer de novo da sua força de mulher jovem e dinâmica, evitar que a outra sofra os efeitos da corrosão do tempo.
Neste romance, Betty Milan abre generosamente ao comum dos mortais uma lista de questões às quais todos costumam fugir, por medo de sofrer. Entre elas, a eutanásia, a medicalização de idosos e doentes terminais, a responsabilidade da família e o respeito à autonomia do idoso, ao lado de todos os detalhes relativos ao bem-estar físico e emocional do idoso.
Emerge desse discurso profundamente amoroso uma figura de mãe cuja esperteza evidencia o gosto pela vida ativa e independente, alguém que não suporta as limitações da idade nem as impostas pela família. É diante das proezas da velha que a filha por fim consegue compreender mais esta lição da mãe: a que lhe torna possível ver na velhice extrema uma fonte de aprendizado.
histórico
Edição brasileira
O primeiro lançamento do livro foi no ano de 2016, em São Paulo. Contou com a presença de médicos, psicanalistas, jornalistas, escritores, críticos e atores, além de amigos e familiares. A musa inspiradora do livro, Dona Rosa, estava presente (fotos). O segundo lançamento foi no Rio de Janeiro, na Livraria Travessa, onde houve um debate com o escritor e professor de literatura Deonísio da Silva e os psicanalistas Teresa Palazzo Nazar e Marco Antonio Coutinho (fotos).
Também em São Paulo a autora apresentou seu livro na Academia Paulista de Letras – APL, contando mais uma vez com a presença de D. Rosa (fotos).
O terceiro lançamento foi em Lisboa. Ocorreu na Embaixada do Brasil em Portugal, contando com a presença de Carlos Kessel (Primeiro-Secretário da Embaixada), a escritora Teolinda Gersão e a psicanalista Maria Belo(fotos).
A autora deu inúmeras entrevistas e a imprensa publicou várias resenhas elogiosas. A primeira edição teve uma tiragem de 8.000 exemplares e se esgotou em duas semanas. O livro entrou na lista dos mais vendidos.
Edição portuguesa
A mãe Eterna atravessou o mar. Editado em Portugal pela Penguin Random House (foto), o livro foi muito bem acolhido. O lançamento foi em abril de 2017, em Lisboa, no hotel Tivoli e contou com a participação especial de Eduardo Lourenço, autor do Labirinto da Saudade. Lourenço é um monumento das letras portuguesas e a autora tem por ele a maior admiração.
No debate, estavam presentes Sara Gomes – ( Editora da Penguin Random House), Carlos Kessel – (Primeiro-Secretário da Embaixada Brasileira), Maria Belo ( Diretora do Centro Português de Psicanálise, que também foi analisanda de Lacan nos anos setenta), a escritora Teolinda Gersão (Prêmio Literário Vergílio Ferreira 2017) e a conhecida atriz Paula Guedes, que fez a leitura do texto.
O lançamento repercutiu na imprensa, com uma resenha no Diário de Notícias, uma entrevista para o rádio e duas para a televisão.
Edição espanhola
Depois de ter sido editado no Brasil e em Portugal, A mãe eterna foi editado pela Maresia, radicada em Barcelona.
O titulo do livro é La madre eterna e a capa faz pensar em Almodovar. (foto)
opinião
Um relato espantoso pela delicadeza e também pela franqueza com a qual a autora narra a passagem de filha para mãe da mãe. Fernanda Torres
Há entregas violentas e há entregas delicadas. A deste livro é delicada, apesar do tema difícil. Li com en enlevo e emoção. Gostei muito e creio que milhares de leitores também gostarão. Mario Sabino
Um livro ambivalente e interessantíssimo sobre a vida aos 100 anos. Roberto Schwarz
Um livro lindo! Vai correr mundo e chão e tempo. Luiz Fernando Ramos
« Um livro belíssimo, contido e sem sentimentalismo… dá a ver um mundo familiar mas também universal e intemporal » Teolinda Gersão
Há algo da eternidade no abismo do apego à mãe, escravidão sublime que não acaba com a morte. Richard Prieur